Maria de Nazaré, Senhora da fé!

É inegável para o cristão a participação de Maria na história da salvação, obviamente, na Encarnação. Negar esse evento é diminuir a realidade bíblica. Jovem escolhida, preservada do pecado em previsão da vinda de Jesus, o Salvador, porque Ele é merecedor de um digno ventre.

Não há reflexão acerca de Maria se não for referida inteira e teologicamente ao seu filho Jesus. Essa jovem humilde e anônima, na pequenina Nazaré, é epifania divina. Deus rompe todos os paradigmas. É inovador quando decide enviar a Grande Novidade, pois, na fragilidade terna de Maria, os pequeninos passam a ser exaltados. Ele se faz precisado de uma jovem que, como outrora e agora, a sociedade não “bota fé”.

No mínimo, Maria é ícone antropológico, missionário e eclesial. A teologia cristã não se deixa pautar pela dualidade corpo e alma. Pelo contrário, ela afirma a unicidade do corpo. Corpo é entendido como a unidade do que constitui a totalidade da pessoa: alma, espírito, vida, bem como a construção de sua história sob a graça divina. Para a antropologia teológica, o ser humano é criado, salvo e santificado.

Maria, quando convocada por Deus, oferece não apenas o seu corpo para o Espírito Santo a fecundar. Mas, sua entrega é total, despoja-se, e, em seu corpo, se faz oblação de tudo o que é e de tudo o que a constitui. Isso ela faz na liberdade e na consciência íntegra. Maria sabe-se criada pelo Pai, espera e ora pelo Salvador que será seu próprio Filho e se permite ser santificada pelo Espírito.

Quando Maria é fecundada pelo Espírito Santo, já reconhece sua missão. Toma sua mochila, seu cajado para subir e descer montanhas e, com sandálias nos pés, parte ao encontro de sua prima Izabel. O Espírito não é de timidez, mas de alegria, de esperança e de fortaleza. O dom recebido por Maria torna-se naturalmente doação. Izabel não é apenas uma personagem, mas representação da humanidade inteira, que está necessitada, e nenhum detalhe passa despercebido aos olhos e aos sentimentos de Maria.

Disso emana a conclusão de que Maria é, em sua pessoa, sinal da Igreja. Ela nos ensina a viver a graça do sacerdócio comum, entregando, sem reservas, a própria vida, a liberdade e o coração a Deus como oferenda agradável. Ela nos convoca a sair de nossas acomodações e tocar em Cristo, presente em tantos rostos sofridos e lacrimejados pela dor da indiferença.

Maria de Nazaré é tão agraciada enquanto profundamente humana, tão delicada com o próximo tanto mais engajada, tão orante e silenciosa quanto autêntica discípula. Todavia, é digno o reconhecimento de que é a Senhora da Fé!

 

Fernandópolis, 7 de outubro de 2025

 

Pe. Valdair Ap. Rodrigues

Paróquia São Bernardo – Fernandópolis

 

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