A comemoração de todos os fiéis defuntos, celebrada em 2 de novembro, é uma data profundamente significativa para os cristãos. Longe de ser apenas um dia de luto e tristeza, ele é, sobretudo, uma expressão de fé e esperança na vida eterna. A Igreja, em sua sabedoria pastoral, convida os fiéis a recordarem com ternura e oração seus entes queridos falecidos, oferecendo sufrágios e preces em favor de suas almas, na firme convicção de que a comunhão dos santos transcende o tempo e o espaço.
Essa celebração nasce da certeza de que, em Cristo Ressuscitado, a morte não tem a última palavra. Ele mesmo afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25). Por isso, o Dia de Finados é iluminado pela luz da Páscoa, a páscoa de Cristo, que transforma a dor em esperança e o luto em confiança. É um convite à contemplação do mistério da eternidade, à renovação da fé na vida que não se extingue e à tomada de consciência de que cada instante terreno deve ser vivido à luz da eternidade prometida por Deus.
Dentro dessa espiritualidade, a Pastoral da Esperança, assume um papel essencial na vida da Igreja. Ela é o rosto misericordioso da comunidade que se faz presença junto às famílias enlutadas, especialmente no momento da perda de um ente querido. Seu ministério constitui uma autêntica diaconia do consolo, expressão concreta da caridade cristã, que se traduz em oração, escuta e acolhimento. O Papa Bento XVI recordou com profundidade: “Nada é mais humano que o consolo; e nenhum consolo é mais verdadeiro do que aquele que nasce da fé na ressurreição” (Homilia, 2/11/2006).
Os membros dessa pastoral realizam um trabalho discreto, mas profundamente enraizado no evangelho. Ao acompanhar velórios, oferecer orações e participar das exéquias, eles testemunham que a Igreja está ao lado dos que sofrem. A presença fraterna e a palavra de Deus ajudam as famílias a compreender que, mesmo na morte, o amor do Senhor permanece fiel.
A Pastoral da Esperança também tem uma dimensão catequética. Ela ensina, com gestos e palavras, o sentido cristão da morte, que não é o fim, mas o cumprimento da vida em Deus. Numa sociedade que muitas vezes evita falar da morte, essa pastoral recorda que a fé cristã a encara com serenidade e confiança, pois crê na comunhão dos santos e na ressurreição dos mortos. O Papa Francisco expressou essa esperança ao afirmar: “O cemitério é o lugar da esperança; ali descansam os nossos entes queridos, à espera do encontro com o Senhor” (Angelus, 2/11/2014).
Celebrar o Dia de Finados é, portanto, um ato de fé e de amor. Não é olhar o passado com nostalgia, mas erguer o olhar ao céu com confiança. É reafirmar que a vida humana, sustentada pela graça, encontra seu pleno significado em Deus, fonte e destino de toda existência. É também ocasião propícia para rezar pelos falecidos, confortar os que sofrem e fortalecer os vínculos da comunidade cristã em torno da esperança na vida eterna.
A Pastoral das Exéquias torna visível essa esperança, ajudando os fiéis a viver o luto com fé e confiança. Nela, a Igreja prolonga a ternura de Cristo, que chora com os que choram e consola com a promessa da ressurreição. Assim, o Dia de Finados e a ação dessa pastoral se unem em um mesmo testemunho: a morte é passagem, e nossa esperança é a vida eterna.
Santa Fé do Sul-SP, 28 de outubro de 2025.
Padre Tiago Vinícius Raimundo Caetano,
Assessor Diocesano da Pastoral da Esperança (exéquias)