Diego Dovidio dos Santos
Seminarista do 4º ano de Teologia – Paróquia São João Batista de Santa Fé do Sul
A cada 8 de outubro, a Igreja no Brasil celebra o Dia do Nascituro, ocasião em que a comunidade de fé se une para testemunhar, com gestos e palavras, a defesa da vida desde a concepção até o seu fim natural. O nascituro é o ser humano já concebido, mas ainda não nascido, cuja dignidade é plena e exige respeito e proteção em todas as
circunstâncias, pois carrega em si a marca da imagem e semelhança de Deus (cf. CIC, §2270).
O tema deste ano, “Cuidar de si, do próximo e da casa comum”, aliado ao lema “Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois ele cuida de vós” (1Pd 5,7), ilumina a reflexão pastoral e nos chama a um compromisso integral com a vida, em todas as suas dimensões. O cuidado, na perspectiva cristã, não é um ato isolado, mas uma expressão concreta da caridade que nasce do coração de Deus. Cuidar de si significa reconhecer-se como dom, filho amado do Pai, cultivando hábitos saudáveis, espirituais e humanos que nos tornam instrumentos eficazes do amor divino.
Cuidar do próximo é assumir a responsabilidade solidária com os mais frágeis, especialmente com os nascituros, cuja vida ainda oculta e silenciosa pede acolhimento e proteção. E cuidar da casa comum é zelar pelo ambiente e pelas condições concretas que garantem a dignidade da existência humana, numa ecologia integral que não separa a vida humana da vida do planeta.
Nesta semana, o Papa Leão XIV recordou que não pode ser contra a vida aquele que se diz cristão. Suas palavras ressoam como alerta e convocação, pois não basta afirmar-se a favor da vida; é necessário testemunhar, em atitudes e opções concretas, a defesa incondicional de cada ser humano. Isso inclui o nascituro, vulnerável por excelência, cuja dignidade não depende de reconhecimento legal ou de utilidade social, mas da simples condição de criatura amada por Deus. Defender a vida nascente é, portanto, um gesto de coerência com a fé e com o Evangelho, que nos impulsiona a rejeitar toda forma de descuido, violência ou descaso.
Celebrar o Dia do Nascituro, neste ano de 2025, é assumir a missão de lançar as redes mais profundamente, confiando no Senhor que cuida de nós e a quem podemos entregar nossas preocupações. Essa confiança se traduz em gestos concretos, como apoiar as gestantes em dificuldade, oferecer acolhimento pastoral e psicológico, iluminar o debate público com argumentos enraizados na dignidade humana, promover iniciativas de solidariedade e cuidado ecológico que garantam um futuro mais justo e fraterno.
Quando a Igreja se une nesse testemunho, mostra ao mundo que a vida é sempre um dom, e que o cuidado com ela é a missão mais nobre do discípulo de Cristo. Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe da Vida, interceda por nós e nos ajude a permanecer firmes na defesa do nascituro, cuidando de nós mesmos, dos irmãos e da casa comum, a serviço da vida plena para todos (cf. Jo 10,10).