Foi instituído em 1995 pelo Papa João Paulo II, ele propôs que ocorra, preferencialmente, toda Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Dizendo: Faço essa minha proposta, almejando que tal iniciativa ajude os sacerdotes a conformarem-se cada vez mais plenamente com o coração do Bom Pastor.
A importância deste dia: em entrevista Radio Vaticano, o Card. Beniamino Stella, Prefeito da Congregação para o Clero, falou da importância do Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, com o título: Pecador e Pescador.
Ocasião propícia para um tempo de oração e de comunhão entre os sacerdotes, além de uma oportunidade ímpar para redescobrir e reavivar o dom do sacerdócio.
“Antes de tudo a possibilidade de um tempo de oração e reflexão que apresenta ao menos três aspectos”.
1-O primeiro é justamente a centralidade da oração; rezando juntos, de fato, os sacerdotes recordam que o seu ministério não é radicado nas coisas a serem feitas e que, sem a relação pessoal com o Senhor, se corre o risco de mergulhar no trabalho, negligenciando Jesus.
Como está a nossa vida de oração?
2-O segundo aspecto, é a redescoberta do valor da diocesaneidade, porque não se é padre sozinho, mas como parte da família do presbitério, e este dia convida os sacerdotes a reencontrarem a beleza da fraternidade presbiteral junto ao próprio bispo, renovando o compromisso a superar as divergências que frequentemente impedem aos sacerdotes viver a comunhão e de atuar juntos em âmbito pastoral.
Como estamos vivendo nossa diocesaneidade? Fraternidade presbiteral?
3-O Terceiro, por meio de momentos de reflexão e de verificação, o dia quer ajudar os padres a redescobrir a essência de sua identidade e o sentido de seu serviço ao povo de Deus”.
Seria possível delinear um modelo de pastor segundo o magistério pontifício?
“Dirigindo-se aos sacerdotes ou falando de seu ministério, o Papa Francisco pouco a pouco, delineou lentamente um verdadeiro retrato do padre.
E surge então o modelo de um pastor que caminha em meio ao seu povo, participa com a própria vida de suas vicissitudes,
se comove profundamente pelas suas feridas e o unge com a alegria do Evangelho.
Mesmo recentemente, o Pontífice expressou a sua preocupação maior: a de que os sacerdotes caiam na tentação de viver o ministério como um dever de ofício, como se fossem, isto é, “clérigos de Estado”, ou “funcionários do sagrado”; pelo contrário, o povo de Deus tem necessidade de um pastor que escute, acolha, acompanhe, que seja o bom samaritano para quem ficou ao largo da vida.
O Santo Padre usou uma expressão muito forte sobre a figura do padre: “É um mediador entre Deus e os homens, não um funcionário que não suja as mãos”. O padre, segundo Francisco, é o homem da relação com o Pai e com as pessoas, ministro da compaixão que sabe consolar e guiar, que sabe fazer um discernimento pastoral em todas as situações e é capaz de acender pequenas luzes, mesmo naquelas existências ou naqueles contextos onde parece que tudo esteja perdido”.
Diversas vezes o Pontífice falou sobre a necessidade de um caminho de formação e amadurecimento para os sacerdotes. Como realizá-lo?
A Formação permanente, deve ter seu inicio e bem acompanhado nos Seminários. Onde são chamados a seguir Jesus: devem ser plasmados pela sua palavra e configurar o seu coração àquele do Bom Pastor.
Necessário estar atento ao crescimento humano, espiritual, acadêmico e pastoral; enraizamento na oração, em um clima comunitário fraterno.
Como superar a tentação do “sentido de derrota, que nos transforma em pessimistas descontentes e desencantados pelo rosto escuro”, como se lê na Evangelii gaudium?
“O Papa Francisco mostra possuir, além de uma lúcida capacidade de leitura da vida pastoral, aquilo que poderíamos chamar a pulsação da vida: sabe, isto é, que na vida dos fiéis e dos sacerdotes podem existir momentos de desencorajamento, cansaço, frustração.
O padre vive na própria pele a lógica do Evangelho, isto é, do reino que cresce como uma pequena semente ou um fermento escondido, em modo invisível, para além dos cálculos humanos. Por isto deve ter a armadura forte da fé e da oração, para que não interprete nunca a sua missão como o equivalente a um trabalho empresarial, baseado no lucro; deve chegar à confiança da escuta da Palavra e da colaboração ativa com os confrades e com os leigos, lutando contra todo o pessimismo e buscando ser criativo e dinâmico no anúncio do Evangelho.
Como convivem em um padre ou em um bispo a consciência de serem pecadores aos olhos de Deus e a consciência do chamado de Jesus para serem pescadores de homens?
“Na dinâmica da vocação sacerdotal existe este paradoxo, bem visível no chamado dos apóstolos por parte do Senhor: quem é chamado nunca é um perfeito ou uma pessoa que tenha dons extraordinários, mas pelo contrário, Jesus se detém na margem do mar para dirigir-se a alguns simples pescadores e, pouco depois, a um cobrador de impostos.
Um padre ou um bispo experimentam isto durante toda a sua vida; sentem que a exigência da missão a eles confiada é levada em frente porque a misericórdia de Deus vem em auxílio a sua fraqueza e às suas fragilidades; aprendem, a cada dia, a serem apóstolos, não por méritos pessoais, mas porque foram escolhidos pelo Senhor, que os chamou e os enviou.
Os dois aspectos – ser pecadores e ser pescadores de homens, enviados a proclamar o Evangelho – não somente convivem bem, mas são também uma garantia para a nossa santificação: se tudo dependesse da nossa perfeição, logo nos esqueceríamos de Deus e nos tornaríamos soberbos. Há poucos dias, em uma homilia na Santa Marta, o Papa disse que não devemos maquiar-nos para parecer “vasos de ouro”, mas pelo contrário, devemos aceitar sermos “vasos de barro”; somente assim o oleiro, que é Deus, nos modela com amor e permite que, mesmo dentro de nossa fraqueza, resplandeça o tesouro do Evangelho, a ser levado ao mundo inteiro”.
Celebrar a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, é celebrar o amor misericordioso e compassivo que Deus tem por nós. Um Deus que ama incondicionalmente e nos acolhe em nossas fraquezas e debilidades, nossos cansaços e fadigas.
Por isso quando rezamos a jaculatória do seu coração compassivo:
Jesus manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso.
Que nossa meta seja essa esta: ser capaz de amar incondicionalmente, capaz de perdoar sempre, capaz de acolher sempre.
Assemelhando o nosso coração ao Coração de Jesus.
Padre Miguel Donizete Garcia
Coordenador da Pastoral Presbiteral da Diocese de Jales e Membro da CRP (Comissão Regional dos Presbíteros, Regional Sul 1, CNBB)