DIOCESE DE JALES
PLANEJAMENTO PASTORAL 2022
Confira o Planejamento na íntegra em PDF: Planejamento Pastoral Diocesano 2022
REALIDADE DA DIOCESE
Nesta região, avançam-se algumas monoculturas, tais como a cana de açúcar e os seringais, atraindo imigrantes. A renda salarial média é baixa. As ofertas de trabalho são limitadas. O desemprego tem sido expressivo, sobretudo entre os jovens. As oportunidades de trabalho, mesmo para os poucos que se profissionalizam e têm estudos avançados, estão reduzidas. Muitos são obrigados a trabalhar e estudar longe de suas residências, gerando “cidades dormitórios”. Há um grande déficit habitacional para famílias vulneráveis. As oportunidades de formação profissionalizante gratuita são poucas. Além das Igrejas, outras entidades públicas e privadas realizam atividades com crianças e adolescentes. Há alto índice de juventude em trânsito em cidades com universidades. O índice de analfabetismo funcional é, também, alto. No entanto, crescem as universidades em nossa região, algumas no formato EAD. Muitos universitários têm pouca ou nenhuma formação religiosa. O êxodo rural para dentro da região e a emigração para centros urbanos de outras regiões continuam ocorrendo há várias décadas. O campo se esvazia, progressivamente. O trabalho agrícola é pouco valorizado. Pessoas aposentadas regressam de grandes cidades. Crescem os loteamentos, os conjuntos habitacionais e os condomínios. O mundo associativo é diversificado e frágil. A cultura midiática se alastra rapidamente. Cresce o envolvimento com as redes sociais, sobretudo das novas gerações.A Diocese de Jales tem cerca de 12.500 km de extensão, abrange 45 municípios, com uma população aproximada de 360.000 habitantes; está composta por 54 paróquias e quase- paróquias (em total, 236 comunidades); 43 padres diocesanos (42 exercendo o ministério na Diocese), um padre religioso, cinco religiosas, uma missionária diocesana; 11 seminaristas e, aproximadamente 1.500 ministros leigos e leigas instituídos. Os municípios que compõem a área da Diocese, apesar de serem acentuadamente urbanos, com baixo índice de industrialização, predominantemente pequenas indústrias, têm na agropecuária sua principal fonte econômica. Muitos trabalhadores são funcionários públicos, outros trabalham em: indústria sucroalcooleira, usinas hidroelétricas, comércio, prestação de serviços, frigoríficos, escolas e faculdades, ou são produtores rurais, assalariados sazonais, especialmente no campo, onde, em vários municípios, há também acampados e assentados, bem como pescadores.
Problemas nesta região são abundantes. A análise da realidade a partir da qual os organismos de Igreja nesta Diocese atuam, revelam uma preocupação importante com relação a fatores sociais, tais como: a pandemia da Covid-19 e suas consequências; novos modelos de família, com muitos casais de nova união; vínculos familiares fragilizados e relacionamento familiar fragmentado; ausência dos pais na vida dos filhos (na escola, na catequese e no lazer); algumas escolas com professores ateus que apresentam conteúdos contrários à fé cristã; convívio dos filhos com colegas ateus; muitos universitários têm pouca ou nenhuma formação religiosa; envelhecimento populacional; condição de pobreza (Nossa região é a segunda mais pobre do Estado de São Paulo); cresce o número de moradores de rua e a mendicância; há poucos serviços de transporte público; sobrepõe-se a cultura do consumismo, lazer e entretenimento, em detrimento da formação humana, espiritual, familiar e de solidariedade; há grande número de pessoas idosas com muitos tipos de dificuldades; jovens deixam a região para os grandes centros, em busca de trabalho e estudo; doenças crônicas com destaque para diabetes, hipertensão arterial, número elevado de casos de câncer e doenças contagiosas; depressão e síndromes; gravidezprecoce; obesidade mórbida; grande quantidade de adolescentes e adultos envolvidos no uso de bebidas alcoólicas e outros tipos de drogadição.
O tráfico de drogas tem aumentado, envolvendo, sobretudo jovens, e a violência na forma de furtos, roubos, abusos sexuais, agressões, homicídios e suicídios, também, de jovens. Apesar da existência de muitos equipamentos sociais, parte deles é deficiente, sobretudo na área da saúde. Há poucas políticas públicas a serviço dos empobrecidos. Investe-se pouco na área da nutrição, meio ambiente e agricultura orgânica. Há degradação do meio ambiente, uso indevido de agrotóxicos, falta de consciência ambiental, insensibilidade e corrupção de gestores públicos, bem como inconsciência política e pouca participação cidadã, por exemplo, nas associações de moradores, sindicatos e conselhos paritários.Nesses conselhos, usualmente, prepondera a visão do poder público, em detrimento da sociedade civil. Falta motivação para a participação na vida política. Os conflitos por motivos políticos, inclusive nas comunidades, são constantes. Os crimes eleitorais presentes na vida política local têm aumentado, sendo pouco coibidos. Candidatos e eleitores se corrompem mutuamente. Grande parte dos recursos para a gestão pública municipal depende de verbas estaduais e federais. O associativismo e o cooperativismo desarticulados e poucos incentivados
A religião majoritária é católica. Crescem os segmentos evangélicos, sobretudo neopentecostais com ímpeto proselitista. Convive-se com o pluralismo e o trânsito religioso. Cresce o relativismo. Há poucas iniciativas ecumênicas. Há muitos católicos sem participação na vida de igreja. Muitos participam somente em missas ou se utilizam esporadicamente de serviços sacramentais, repercutindo na falta de formação religiosa dos filhos. Perde-se o sentido do sagrado e diminui-se a procura pelos sacramentos. Cresce o secularismo juvenil. O clima de desmotivação gerado pela crise social tem influenciado agentes de pastoral. Muitos se sentem cansados, alguns por acúmulo de trabalho. O turismo e o lazer absorvem o tempo de muitas pessoas, em detrimento da participação na Igreja. As atividades celebrativas são as mais frequentadas. A religiosidade popular devocional exerce muita atração, favorecendo, quando bem orientada, a vivência eclesial. A religiosidade midiática substitui em parte a participação nas comunidades, até mesmo a contribuição financeira com as mesmas.
Há poucas lideranças jovens na igreja e outras lideranças, em grande maioria mulheres, estão acumuladas de responsabilidades. Muitas lideranças estão envelhecidas e enrijecidas. Poucos ministros leigos e leigas são bem comprometidos em suas funções. Em muitas comunidades não há conselhos pastorais e o ministério de coordenação é exercido exclusivamente pelos padres. Muitos jovens da igreja não têm engajamento pastoral. A formação, sobretudo bíblica, desenvolvida nas paróquias e comunidades, é ainda limitada e, quando ocorre, poucos se interessam. Faltam compreensão e prática da Leitura Orante da Bíblia. A contribuição oferecida por meio de cursos para animadores tem sido muito valiosa, assim também a atuação em favor dos mais pobres, das crianças e dos adolescentes, por meio de pastorais e projetos sociais, aos quais muitas lideranças têm se dedicado generosamente. Ações socioeducativas estão ainda pouco articuladas entre si. A atuação daIgreja na realidade educacional é bem reduzida. Ações em favor da saúde preventiva e curativa, que fazem uso da sabedoria popular, bem como a atuação da Igreja nos hospitais e nas clínicas de recuperação de dependentes químicos, têm sido muito importantes.
O acolhimento na igreja é, ainda, pouco caloroso. As visitas às famílias e aos enfermos têm sido importantes. A comunicação entre as diversas instâncias da Igreja e o vínculo entre pastorais, movimentos, comunidades e paróquias são frágeis. Há pouca formação e, às vezes, faltam sintonia e criatividade litúrgica. Muitos grupos de família ou quarteirão são verdadeiras Igrejas Domésticas que têm feito um belo trabalho levando as reflexões sociais da Igreja para dentro das casas dos fiéis. Eles se reúnem regularmente utilizando subsídios diocesanos ou das comunidades, com pouca participação de homens.
A participação organizada dos casais nas comunidades tem sido de grande valor. O trabalho catequético é amplo, orientado por bons subsídios, com catequistas dedicados, muitos dos quais sem formação aprofundada. Falta motivação das crianças cujos pais estão desinteressados, bem como acompanhamento dos adolescentes pós-crisma. A Pastoral de Adolescentes tem se desenvolvido em várias paróquias. Desperta-se para a cultura vocacional e missionária, com importante participação juvenil e universitária, e ainda, poucas vocações presbiterais e religiosas. Há pouca qualificação administrativa nas paróquias e comunidades, e uma contribuição financeira tímida, especialmente, por meio do dízimo, devido, sobretudo, à pouca implicação de novas lideranças. As arrecadações financeiras têm diminuído.
DESAFIOS PRINCIPAIS
- Valorizar e defender a vida integralmente.
- Desenvolver a pastoral de conjunto com sintonia de linguagem e unidade, focada na missão permanente.
- Promover a conversão pessoal e pastoral: ser uma Igreja de diálogo, comunhão eacolhedora, em busca dos afastados com abertura para novas lideranças.
- Valorizar e estimular as lideranças existentes, que são, sobretudo, mulheres, e formarnovas lideranças, responsabilizando mais os jovens e os homens.
- Adequar a pastoral ao contexto da realidade urbana, à nova realidade do mundo rural e à diversidade de ambientes sociais, ampliando a presença da igreja em novas realidades, e desenvolvendo a ação social da Igreja.
- Desenvolver as pastorais diocesanas em todas as quase-paróquias e paróquias conforme suas necessidades.
- Criar relacionamento e vínculo com pessoas que passam muito tempo no trabalho fora de seus municípios de residência e com recém-chegados.
- Analisar com mais profundidade a realidade da família e as novas configurações familiares para atuarmos diante delas de modo mais adequado e em conjunto.
- Realizar experiências significativas de comunidades de famílias.
- Orientar melhor a pastoral com adolescentes e jovens, com uma linguagem própria, em resposta às suas necessidades, promovendo sua participação comunitária, social e cidadã, e formando-os a partir de ações sociais.
- Fomentar a formação bíblico-teológica e orientar a Leitura Orante da Bíblia nas comunidades.
- Promover formação que assegure orientação litúrgica comum e inculturação litúrgica nos distintos contextos de vida e pastoral.
- Promover a cultura vocacional, desenvolvendo projetos de vida familiar, profissional, social e eclesial, com ênfase nos ministérios e vida consagrada.
- Criar o Ministério Leigo de Coordenação de Comunidades com critérios de escolha e programa específico de formação.
- Qualificar agentes pastorais com funções de coordenação, atendimento, catequéticas, ministeriais, litúrgicas, administrativas e financeiras.
- Qualificar a comunicação em todos os níveis da Diocese.
- Ampliar a interação Igreja-Sociedade (serviços públicos, escolas, universidades, categorias profissionais, etc), para formar lideranças e desenvolver ações sócio-políticas em prol do bem comum.
- Desenvolver o diálogo inter-religioso, prioritariamente entre cristãos, visando ações comuns em favor de condições mais dignas de vida.
- Desenvolver ações frente ao desemprego e projetos de orientação e capacitação profissional de adolescentes e jovens, em função de um mercado alternativo de trabalho.
- Divulgar e fortalecer ações das pastorais e dos projetos socioeducativos, preventivas deproblemas socioambientais e drogadição, com especial atenção à agricultura orgânica.
- Expandir e fortalecer a “Rede de Protetores da Vida”.
- Conscientizar as lideranças sobre a necessidade de participação efetiva nas associações de moradores, sindicatos e conselhos paritários.
- Encontrar saídas frente à redução das arrecadações financeiras: desenvolver a Pastoral do Dízimo, com mais implicação dos padres e o conjunto das comunidades.
OBJETIVO GERAL DA IGREJA NO BRASIL
Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano,
pelo anúncio da Palavra de Deus,
formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo,
em comunidades eclesiais missionárias,
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.
OBJETIVO ESPECÍFICO DA DIOCESE
Ser Igreja missionária, por meio de comunidades
presentes em todas as realidades de vida pessoal e social,
articuladas como pastoral de conjunto,
que atuam em defesa da vida e em prol do bem comum.
AÇÃO EVANGELIZADORA DA DIOCESE
A Ação Evangelizadora da Diocese de Jales orienta-se pelas
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023,
estruturadas a partir da
COMUNIDADE ECLESIAL MISSIONÁRIA,
como “casa”, sustentada pelos “pilares”:
Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.