Atentados no Egito: reações dos bispos

“É uma tragédia. Diante de tais fatos não existem outras palavras. Somente oração e esperança.” Falou com a voz embargada pela emoção, Dom Adel Zaki, Vigário Apostólico de Alexandria do Egito, para os católicos de rito latino. Ele comentou como o duplo atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico, em 09/04, Domingo de Ramos, que afetou na cidade de Tanta (norte do Cairo), a igreja copta de Mar Girgis deixando 27 mortos e 78 feridos, e Alexandria, catedral de São Marcos, com 16 mortos.

“O ataque foi contra a unidade do país, contra os cristãos para lembrá-los que eles não têm direitos e contra toda a minoria cristã que espera ansiosamente a visita do Papa Francisco”, disse Dom Antonios Aziz Mina, bispo emérito copta-católico de Guizeh.

Para o bispo, “atacar os cristãos garante aos terroristas uma grande cobertura da mídia, mais do que ataques ao Exército ou à Policia na fronteira do Sinai. Basta lembrar quantos cristãos foram mortos recentemente, na península. Eles atacaram num dos dias de maior frequência na igreja.”

Dom Antonios Aziz Mina foi o representante da Igreja copta-católica na Assembleia Constituinte que elaborou o novo texto da Constituição egípcia aprovada por referendo em janeiro de 2014. Por isso, ficou claro que a matança foi intencional. “Eles atacaram três semanas antes da chegada do Papa Francisco ao Egito, enviando uma mensagem de morte para o povo egípcio e, em particular, ao povo cristão.”

O bispo copta-católico disse ainda: “Durante décadas, como Igreja, sentimos o risco que a propagação do fanatismo e extremismo religioso trazem. Há muitos jovens que sofrem lavagem cerebral reais nas mãos de correntes fundamentalistas islâmicas. Agora, as autoridades políticas e religiosas devem remediar esta situação para evitar que tais fatos aconteçam novamente”.

Sobre a viagem Papa Francisco ao Egito, agendada para 28 e 29 próximos, Dom Mina diz que está convencido de que “não está em risco. As medidas de segurança serão grandes e tenho certeza de que não terá nenhum problema”.

Mas antes da visita do Papa, os cristãos são chamados a celebrar a Páscoa, “que é de todos os cristãos, e este ano terá mais do que nunca o gosto de sangue e uma tristeza amarga” – ressaltou o bispo. “Muitas famílias após os dois ataques de ontem choram seus mártires. No entanto, nunca devemos perder a esperança. Estes atos abomináveis nos tornam mais firmes e fortes na fé. Nós não estamos derrotados. Vamos celebrar a Páscoa e confiar à visita do Papa Francisco o crescimento de nossa Igreja que chora outros mártires. O Papa nos pediu para orar a Deus para converter os corações dos terroristas e para a paz. Os cristãos do Egito são lutadores de esperança”.

O ataque terrorista deste domingo é o segundo contra uma igreja copta nos últimos meses. Em 11 de dezembro, um ataque suicida na Igreja dos Santos Pedro e Paulo, perto da catedral copta de São Marcos, no Cairo, deixou 28 mortes e mais de 40 feridos. Os cristãos coptas são cerca de 10% da população do Egito e são vítimas de violência e assassinatos por milícias jihadistas ativas no Sinai e de grupos da Irmandade Muçulmana, que após a expulsão de seu líder Mohamed Morsi, atacaram igrejas, casas, lojas  e propriedade de cristãos.

Fonte: Rádio Vaticano

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